quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

receio

receio

O poeta, sincero,
não pôde ser
Manequim poeta.


Àqueles que têm muito a esconder
só no papel pode urgir
mistérios doentios, crime e paixão

— O teu sim desbotou a minha tristeza
Insustentável leveza?
Ou contrapeso de inúmeras dúvidas?


E o poeta manequim silenciou.

— Duvido de tudo:
desde um incenso aceso
até a bondade súbita
De quem não está nem um pouco se importando
pelo meu bem-estar nesse mundo


E o poeta manequim silenciou.

A maldade está nos olhos de quem vê:
— Eu já vi tanto,
E fiquei no meu canto
Assistindo ao círculo caótico
de vilezas e mentiras


Como se fosse lógico,
como pode?

O poeta manequim, desviou.

— O teu sim desbotou a minha tristeza
a um ponto em que nem mais a entendo
e só conto com os olhos e com a sorte.


O poeta silenciou.

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