poesia
meu quarto é poesialá tenho uns livros em capas bonitas
pedrinhas translúcidas flutuam
a luz da lâmpada
refrata nelas e descem
raios de cor
tortos
lá estou confortável
me escondo, me exponho
tenho coisas que nem sei
se são coisas
e o tapete
— naquelas manhãs frias
ajuda um pouco
lá eu faço o que quero
(ou quase)
quando durmo
é como se fosse
curva
a parede da porta é de um jeito
a parede da janela de outro
mas todas me dão abrigo necessário
o teto parece solto
mas não desaba
meu quarto é
incrível no
lusco-fusco
que faz lá
pras seis
da manhã
e da tarde
(ou da noite?)
mas eu tenho que sair de lá
às vezes
e o mundo é
— clichê —
hostil
hostil
demais
o mundo não é assim
como cantam
como contam
mas você parece não ser daqui
(tua presença
me é
poesia)
minhas mãos sujam as páginas
do teu livro preferido e eu
não sei se há metafísica nisso
mas antes que
eu sinta
(ou antes que eu minta o que eu sinto)
me escondo
em camadas
de tinta
no mundo — assim
com você, eu vivo em poesia.
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